quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
VIVA O POVO BRASILEIRO VIVA!!!
Neste momento de festas desejo a todos os meus parentes e amigos muita saúde, ternura e Paz; garra e determinação para que possamos vencer todos os obstáculos. Com a ajuda de DEUS em nossos corações!
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
O DESTINO DE POMPÍLIO OU... MA CHÉRIE
Pompílio era muito reprimido pelo pai, alcoólatra inveterado. E assim cresceu. Tímido, mas jogava um bolão com o time varzeano de sua cidade. Por esta qualidade era até respeitado por seus amigos. Por volta dos 14 anos é que as piadinhas começaram. Superada as gozações do vestiário, todos comemoravam a vitória garantida pelos chutes poderosos de Pompílio, como atacante, contra os times adversários. Mas, no final dos jogos, acabava ficando muito só, tendo apenas a compreensão de alguns poucos. E lá ia Pompílio pelas vielas escuras da cidade em busca do amor...O que um garoto sabia da vida lá pelos 17 anos? Imagine as dúvidas, alegrias e dores do amor, para quem provinha de um lar cujos pais viviam em conflito íntimo. Projetava tudo em seu “campeão”, um rapaz do time, com 19 anos e fama de namorador, completamente inacessível, em sua imaginação.
Além do futebol, Pompílio gostava muito de carnaval. Podia liberar um pouco sua timidez.Quando percebeu a enorme carência afetiva que vivia em sua cidade, decidiu mudar de cidade. Aos 20 anos estava vivendo no Rio de Janeiro, com um amigo que conheceu, de passagem, pela sua cidade. Tentou o futebol em vários times. Para sobreviver virou garçon trabalhando em vários bares até chegar, pelos conhecimentos e práticas adquiridos ,a ser barman do Café Nice, na Lapa, que já não guardava mais aquele brilho do passado, quando era reduto frequentado por artistas e boêmios conhecidos como Noel Rosa, Araci de Almeida, as irmãs Linda e Dircinha Batista, Francisco Alves e outros.
Foi aí que conheceu o carnavalesco Joãozinho 30 que estava incrementando a famosa Escola de Samba Beija Flor, de Nilópolis, numa madrugada em que procurava a nostalgia do local há muito tempo perdida, para compor um dos seus famosos temas de carnaval. O convite surgiu, quase por acaso, pois a escola estava precisando de sambistas “e quem sabe você leva jeito...” Joãozinho 30, além de grande amigo,foi seu primeiro professor e grande incentivador . Começou ali sua carreira artística, pois além de sambista revelou seu grande talento como transformista imitando artistas como Carmem Miranda, Elba Ramalho, Marylin Monroe, Sofia Loren,Cher, Gina Lolobrigida, Madonna e outras. Virou uma Drag Queen requisitada para shows em boates, clubes e programas de TV. Ficou famosa. Durante vários carnavais no sambódromo da Marquês de Sapucaí desfilou como uma das estrelas na passarela, na Beija Flor, naqueles primeiros tempos em que a escola era praticamente imbatível, tornando-se campeã entre todas as grandes escolas cariocas.
Um dia, Uma ala da Beija Flor, que se apresentava em shows pelo Brasil, passou por sua cidade. Fazia uns 10 anos que ele não a visitava . Aliás, veio apenas duas vezes quando morreram seus pais. Rapidamente para o enterro de ambos. A apresentação foi num clube da “elite”, numa noite de gala, patrocinada por um empresário conhecido. No elenco estava a Drag Queen Pompílio que agora se chamava Ma Chérie, nome artístico. Além de Joãozinho 30,vários artistas faziam parte da trupe, como o travesti Rogéria,a veterana vedete Virginia Lane, Cauby Peixoto e uns 20 sambistas, homens e mulheres, que levaram os convidados para o show “Noites Cariocas” ao delírio. Todo o elenco ganhou muito dinheiro e todos fizeram seu pé de meia com esses shows.
Quando anunciaram a apresentação de Ma Chérie e suas imitações perfeitas, o apresentador, de uma rádio local, frisou que ele era natural da cidade e que tinha jogado muita bola na infância e adolescência e se chamava Pompílio. O Clube quase veio abaixo. Os aplausos foram contínuos. “ O quê, ele (ou ela) era o filho da dona Genoveva!, meu Deus”, se escandalizavam algumas mulheres. “Olha que pernas, menina! Que voz!”, diziam outras.”Que talento!”, concordavam todos. Os homens ficaram pasmos, no íntimo apaixonados pela grande mudança de uma pessoa. No palco estava uma das grandes estrelas do espetáculo.
Entre eles o “campeão” de Pompílio, na adolescência, que agora , aos 30 anos, era um rico comerciante da cidade. Ficou deslumbrado com a transformação daquele menino tímido do passado. E Ma Chérie deu recado completo como artista. Foi uma grande consagração. Uma espécie de vingancinha contra a cidade. Naturalmente convidou, com o coração batendo forte, durante jantar oferecido pelo clube, aos artistas, para que Ricardo, “O campeão”, fosse visitá-lo, no Rio, ficando em seu belo apartamento, na Barra da Tijuca. “Vou sim, obrigado, ainda sou solteiro, livre e desimpedido”, frisou. “Que bom”, disfarçou Ma Chérie, entre sério e brincalhão.
Diferente do que as más línguas possam mexericar, Pompílio ou Ma Chérie, sempre foi um artista que prezava sua carreira. Nunca foi dado a badalações etílicas. Sempre levou uma vida social simples. Cumpria e ainda cumpre os contratos rigorosamente e continua brilhando nos carnavais cariocas. Aplicou bem o dinheiro que ganhou e ainda ganha com seus shows e pode dar-se ao luxo de parar quando quiser, afirma..Quis o destino que ele e Ricardo se reencontrassem na vida. Vivem juntos até hoje, cada qual cuidando de seus negócios. E ficando muito ricos, cada vez mais ricos.
Atualmente, em férias, devem estar num cruzeiro pelas Ilhas Gregas, ou em qualquer lugar do romântico Mediterrâneo. No Rio, com camisetas da famosa (e cara )grife MA CHÉRIE FOREVER costumam ainda bater uma bola na areia da praia em frente do prédio de apartamentos de alto luxo onde moram, trocando, com todo cuidado, olhares apaixonados.
Moram na cobertura. É claro.
MUITO ALÉM DO ARCO ÍRIS – UMA PEQUENA HISTÓRIA DE SUCESSO PESSOAL
As cores do Arco Íris, logo após uma chuva pesada de verão, sempre motivaram Luciana. Tudo o que era colorido fazia vibrar seus pequenos olhos levando – a um mundo de fantasias. As cores e suas misturas tornaram-se uma verdadeira razão em sua vida. Aos 7 anos ganhou de um tio um caderno para colorir, o famoso “Menino Pintor”. Que ela rapidamente coloriu misturando as cores de forma artística que todos admiraram seu precoce talento. Arte que se transformou, aos poucos, numa forte resistência aos sofrimentos existenciais. Um mundo místico de cores que se revelou, aos poucos, aprimorado pela educação artística, em seus anos iniciais de estudo. Depois tudo correu solto. A sua arte como refúgio contra a grande barreira do preconceito social. Gente pobre não precisava estudar.
Não era bonita, mas também não era feia. Quando criança padecia de rejeição. Assim, se apegou ao pai. A mãe, muito religiosa, preferia ficar enclausurada no quarto,não dando muita atenção aos dois filhos: Lucas e Luciana. A casa vivia sempre em silêncio, janelas e portas fechadas. No recreio escolar Luciana preferia ficar num canto, com poucas outras colegas, comendo seu lanchinho e observando, de longe, o irmão, do outro lado, com os meninos de sua idade, de uma série mais avançada .
Na pré-adolescência e adolescência não dava muita bola aos namoricos das outras meninas e meninos. Só Arthur, magrinho, talvez por uma certa semelhança com Serafim ,seu primo, no distante interior de Goiás, chamava sua atenção. Era o único mais atencioso com ela. O resto preferia ficar na algazarra, na única lanchonete da cidade, também na única pracinha, que era reduto dos jovens. Sempre que podia escapar voltava prá casa e se fechava no quarto, onde tinha seu pequeno ateliê e vários livros e catálogos de pintura de artistas plásticos famosos. A família era pobre e não podia dar-se ao luxo de pagar estudos de arte para que ela pudesse aprimorar seu talento. Tinha o sonho de estudar na capital até mesmo para poder se relacionar mais e ampliar seus horizontes sociais.
E foi o que acabou acontecendo. Ficou morando com uma tia que tinha uma pensão na Bela Vista. Estudava de noite pois trabalhava num Banco da rua Direita, no centro de SP para poder se sustentar.
Voltava poucas vezes à cidade. Quando os pais morreram e o irmão se casou as visitas acabaram ficando cada vez mais raras. Não havia motivos para voltar a uma cidade que, infelizmente, mantinha um grande preconceito contra quem não fosse da “elite”. No banco em que trabalhava reparou que tudo era muito cinzento, muito austero. Seu único colega, tipo sonhador, como ela, “mas com os pés no chão”, era Alfredo, paulistano da Moóca, estudante de Administração, também à noite.
Não que preferissem o isolamento, mas gostavam de coisas que a maioria não dava muito valor. Como por exemplo assistir filmes de diretores consagrados e peças teatrais que contivessem mensagens ou que despertassem polêmica sobre determinados assuntos. Iam, com frequência, a livrarias e exposições de Artes Plásticas. Digamos que se curtiam, mas não era um namoro. Cada um na sua. Alguns sábados visitavam amigos ou parentes de Alfredo e, é claro, comiam deliciosas pizzas feitas pela “nona” Alícia que também tinha uma conversa bastante agradável, animada, principalmente quando relembrava como seus pais chegaram ao Brasil, vindos do norte da Itália.
Ambos gostavam de andar a pé por uma SP que começava ter Metrô. Da avenida Paulista desciam até o centro, passando por galerias, na avenida São Luiz,pelo Viaduto do Chá, onde ficavam horas conversando nas escadas do Teatro Municipal, admirando o prédio da Ópera, de 1911.
Tudo estava bem fizesse calor ou frio, se chovesse ou tivesse aquela garoa fininha conhecida que os boêmios ou notívagos adoram. Luciana e Alfredo falavam de seus sonhos e projetos. São Paulo sempre foi assim. Talvez alguma grande entidade, um Ser supremo, sério e brincalhão ao mesmo tempo, ouvia tudo lá de cima. E jogava alguma magia pois as pessoas sempre acabavam conquistando um lugar nesta metrópole acolhedora e, de alguma forma, vinham, viviam e venciam.
Quando soube que o banco abriria um concurso para estudantes de Artes Plásticas com o objetivo de inovar as agências, dando personalidade mais apropriada à rede, é claro que Luciana, com 22 anos, se inscreveu, sem não ter muita noção, pois navegava entre a modernidade e o tradicional em suas pinturas e desenhos. Não tinha ousado muito ainda. Admirava muito a obra de famosos como Tomie Otake , Lasar Segall, Hélio Oiticica e muitos outros quando ia ao MASP, ao MAM e, em vernisages, mesmo sem ser convidada.
Os bancos já começavam a se interessar pelo que artistas conhecidos ou nem tanto, anônimos ou estudantes com propostas inovadoras, faziam. Luciana percebeu que ali estava sua grande oportunidade na vida, sonhando mais alto em sua realização profissional como artista, algo que ardia lá dentro de seu coração, sempre.
E começou a elaborar a identidade plástica para o banco. Escolhia formas, linhas, traços e tons que evidenciassem a pujança econômica de SP, mas de modo suave, poético para que cada espaço interior ou exterior ficasse modelado na mente das pessoas. Um projeto que, mesmo para um banco, sugerisse aos clientes estar entrando também numa galeria de Arte. Trabalhava no projeto cada noite um pouco e nas madrugadas de sexta e sábado, em seu quarto na pensão da tia. Alfredo ficava junto e até dava algumas idéias. E foi assim que ela se lembrou da “garoa fina, fininha” que caía sempre sobre a cidade, dos poetas que SP acolhia, bem como dos migrantes e imigrantes, da intensa vida artística da metrópole, dos seus trabalhadores, do café, das indúsrias, da informática que estava transformando tudo rapidamente, a história do Estado e da cidade naquela correria de todos os dias, a hora do rush, o verde dos parques, enfim...
Ansiosa aguardou meses e meses, contando os dias, até o resultado final. Seu projeto intitulado “O futuro agora”, que modificava até o logotipo do banco, com algumas sugestões e palpites dos organizadores do evento, foi classificado. Nunca o dinamismo foi tratado com tanta leveza. A alta diretoria do banco já a destacava entre os milhares de funcionários. Nascia uma artista bancária. Foi alvo de entrevista nos pequenos jornais da empresa e, depois em outros jornais, revistas, no rádio e na TV. Parecia coisa de novela, como aquela “Selva de Pedra”, que tinha acompanhado um pouco. As cores também logo chegariam à TV.
As modificações introduzidas no ambiente bancário a tornaram uma celebridade. Outros banqueiros a queriam em sua equipe. Ficou disputada, por exemplo, quando foi convidada a mudar o estilo do Banco da Amazônia que ficou entre o verde da floresta, o calor tropical ,as paredes destacando aspectos do grande folclore da região e suas lendas, de forma totalmente inusitada.Um Bumba Meu Boi no início da Era Digital. Imaginem vocês o que ela recriou para o Banco do Rio Grande do Sul. O Pampa Gaúcho , o gélido minuano em toda sua dimensão. As paredes internas das agências pareciam grandes obras de arte pictórica. Na parte externa, idem e os logotipos deixaram de ser aquela coisa austera, vetusta.
Em sua nova vida, Luciana viajou para os EUA, Europa e Oriente, sempre a convite.Para o hiper tradicional Banco de Boston recriou em tons e grafismos jamais vistos toda a saga dos puritanos ao chegar na América do Norte, o índios, o far west. Até poderoso Banco HSBC (Banco da China) se rendeu à arte daquela brasileira, agora com quase 40 anos, artista de renome e com uma grande empresa para dirigir. Sua equipe conta com vários artistas plásticos de várias tendências.Tudo começou com ela. Hoje, cada agência bancária no Brasil e no mundo tem uma característica própria, uma personalidade que valoriza a arte plástica em meio ao, digamos assim, capitalismo selvagem. É claro, que Alfredo, seu grande amigo e eterno apaixonado, trabalha na sua empresa, cuidando da administração de tudo, junto com Lucas, o irmão de Luciana, que também teve a sua hora e vez em Sampa, formando –se em Publicidade e Propaganda, na FAAP. Luciana nunca quis se casar. “Um dia ainda, talvez, quem sabe...”
Mora em Alphaville, mas tem uma cobertura na Avenida símbolo de SP, de onde se enxerga praticamente a cidade toda. Realizada, às vezes pensa em visitar a pequena cidade de onde saiu, há mais de 30 anos. Visita sempre adiada. O primo, Serafim, afinal, se tornou um grande repórter especial do Le Monde vivendo pelo mundo, mas morando atualmente em Moçambique, na África. Também seu sonho não cabia naquela pequena cidade de Goiás onde viveu a infância e parte da adolescência. Luciana, quando quer refletir, pensar na vida ou apenas descansar do estresse da cidade grande,vai para o seu refúgio, entre a serra e o mar, em Ubatuba, dirigindo seu próprio carro.Gosta de receber, mas também gosta da solidão, do silêncio, de ler seus livros e ver vídeos preferidos, de navegar na Net de caminhar na praia, de tomar banho de cachoeira ou, simplesmente, de madrugada, ficar vendo o mar prateado pela lua cheia, lá longe. Quando está no Brasil, o primo praticamente mora no refúgio de Luciana. Alfredo também é freqüentador assíduo do refúgio. E, Lucas que gosta de velejar. Formam um pequeno grupo de vencedores, cujo empreendedorismo valeu a pena. Apostaram tudo e ganharam.
Mas tiveram de lutar contra muitas adversidades na vida para atingirem seus objetivos e realizarem seus sonhos. Em sua tela, no computador, Luciana implantou a foto de um imenso arco íris, cuja cauda termina em alto mar, lá onde, segundo a lenda, deve haver um grande pote de ouro. Para nunca esquecer o começo de tudo. Resumo da Ópera: A felicidade buscada o tempo todo, com muita garra, over the rainbow.
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