domingo, 27 de novembro de 2011

É NATAL...

HORÁRIO DE VERÃO


De 16 de outubro de 2011 a 26 de fev. de 2012. Primavera e o domingo, aniversário da irmã menor, foram bastante chuvosos. Apesar do novo horário que atrapalhou e confundiu a vida de muita gente, a chuva trouxe uma nova e repentina poesia ao que antes estava ressequido e quase sem vida.
A Bahia também foi incluída, pela primeira vez, no horário que deixa as noites curtas e os dias bem longos.

Tereza acordou bem cedo para a vida neste domingo e decidida a mudar o rumo de sua vida. Afro descendente, embora de família simples, já tinha concluído um curso de Nutrição na Unicamp, com a ajuda de custo do governo e de um padrinho, funcionário da Prefeitura de São Paulo, viúvo e aposentado.
Ela já sabia dos quitutes saborosos que sua avó preparava e vendia na Baixa do Sapateiro, em Salvador e quando criança ficava ali, por perto, vendo as alegres e hospitaleiras baianas, com seus coloridos trajes típicos e sorrisos alvos recebendo os turistas.
Sabia da tradição mantida pelos seus ancestrais de longa data. Desde que pisaram a Roma Negra, vindos de Angola, na África. Dadá, sua tia, já é famosa com seu restaurante típico com filiais em SP, no Rio e em Brasília, onde serve pratos típicos nos banquetes oficias do Itamarati e em várias embaixadas. E recebe sonoros elogios.

Dadá começou vendendo vatapá, acarajé, caruru e outras iguarias em feiras na capital baiana. No Mercado Modelo eram seus fregueses, entre outros, o escritor Jorge Amado e sua mulher, a escritora Zélia Gattai. A fama da família cozinheira já percorre os quatro cantos do Brasil e do mundo.

Tereza sonha em percorrer o mesmo caminho de sua avó, de sua mãe e de outras mulheres da família, preparando pratos típicos “de se comer rezando”, usando uma frase de efeito muito em voga hoje. Tem planos de renovar as receitas culinárias antigas da família, com o que aprendeu no curso na Unicamp. Ela já sabe fazer uma moqueca de siri mole que deixou babando os mestres e colegas da faculdade. Mas quer voar bem mais alto ainda: montar em Londres e Paris, um restaurante típico baiano – AS BAIANAS -.

Por isso, neste domingo, ela arrumou suas malas e mudou-se de vez, para São José dos Campos, no Vale do Paraíba, onde tinha pesquisado o mercado de trabalho e conhecia, de perto, o grande desenvolvimento da região. Tinha nas mãos uma grande relíquia jornalística deixada por outra tia – a revista Realidade – Editora Abril, de meados dos anos 60, onde uma reportagem especial já falava da futura e primeira Megalópoles brasileira unindo pelo Vale do Paraíba, a SanRio – São Paulo e Rio num grande corredor de desenvolvimento global.


Várias fábricas, empresas, hotéis, resorts, escolas técnicas, faculdades e shoppings estão abrindo vagas e dando oportunidade de trabalho para muita gente talentosa, disposta a vencer na vida e nas profissões que abraçaram. Uma amiga sua, de Jacareí, estava entusiasmada com o crescimento da região, que inclui ainda o Litoral Norte, por causa da implantação de obras do Pré Sal, da Petrobrás e do crescimento do porto de São Sebastião. O enorme Serramar Caraguá Shopping abriu suas portas dias atrás. O “boom” imobiliário comprova isto: muita gente vindo morar e trabalhar na região, começando uma vida nova.

Com o diploma de nutricionista debaixo do braço e algumas referências já estava praticamente empregada num grande hotel que se especializara em atender a clientela formada por comerciantes, empresários, engenheiros e técnicos de várias firmas que estão se instalando em Jacareí, São José dos Campos e Taubaté. Cheia de entusiasmo passou em frente ao novo Hipermercado Wal-Mart, de Jacareí, uma rede americana mundial, que, sem dúvida, é o maior exemplo desse grande desenvolvimento ao longo da Via Dutra, entre as duas maiores capitais do país: São Paulo e Rio.

Tereza ficou com sua auto-estima e autoconfiança nas alturas, ao ver nesta semana, a homenagem feita no Dia Nacional da Consciência Negra, em várias firmas, escolas e nos meios de comunicação de massa do país e da região. Sentiu bem perto a presença espiritual de seus ancestrais e de um vibrante batuque no coração. Com um sorriso enorme estampado no belo rosto e lágrimas de alegria de uma pessoa vitoriosa, gritou bem alto prá todo mundo ouvir:

AQUI É MESMO O MEU LUGAR... VOU MOSTRAR PARA ESTA GENTE O QUE É QUE ESTA BAIANA TEM!...O SABOR E A ALMA DA BAHIA NOS PRATOS QUE VOU PREPARAR!.. PARA NUNCA MAIS NINGUÉM ESQUECER!...

CENAS E DIÁLOGOS PARA PROVÁVEIS NOVELAS DE TV –


Cenário: a Estação da Luz, nos anos 20, SP. A personagem, Mariana, de vinte e poucos anos, vai se despedindo do namorado engenheiro Júlio, 32, que parte para uma nova missão: a construção de mais uma etapa da Ferrovia Paulista, rumo ao Oeste, Mato Grosso e, provavelmente, até a Bolívia. O trem dá partida, em direção ao interior do Estado lentamente. A namorada caminha pela plataforma seguindo, com o olhar, o namorado, na escada do vagão de passageiros, que já não sabe mais o que faz, lutando com suas emoções divididas, se fica ou parte.

Lágrimas vêm aos olhos de ambos junto com juras de amor – eu voltarei meu amor, juro e seremos felizes, você vai ver. Agora o trem já está mais rápido. A personagem também acelera os passos, sempre encarando o olhar do também apaixonado namorado, ambos tentando parar o tempo, não aceitando mais as separações que já sofreram, por conta do preconceito social: ela, de família humilde, descendente de italianos e ele, de família tradicional, tipo quatrocentona. Ela da Mooca e ele, da Avenida Paulista, morador em uma mansão.

É quando, de repente o namorado a puxa para dentro do vagão e o trem agora segue velozmente deixando a estação para trás,a metrópole que cresce, deixando tudo que sofreram. Abraçados, segurando arriscadamente o corrimão da escada, segue longo beijo. “Veja o que você fez meu amor!”, diz a namorada, com o coração disparado. O namorado, “eu sei, meu amor, mas nada mais há de nos separar Seja o que Deus Quiser”... O trem some na curva, levando para sempre e para bem longe o casal, dando um longo apito. Vida nova, nova vida!...Um grande amor a ser vivido... Música ao longe...

O CASARÃO


Guarda uma história aquele casarão caindo aos pedaços...

Naquele bairro de classe média baixa, os moradores quase nunca olhavam com mais curiosidade, aquele casarão de tijolinhos marrons, tipo chalé suíço, com seis portas, seis sacadas com janelas brancas, um grande mirante e até um sótão onde pombos e pombas faziam seu ninho de amor.

Algumas pessoas diziam que ele estava ficando mal assombrado, pois juravam ter visto nas noites de lua cheia, o vulto branco de sua antiga dona, que ali vivera sozinha, escondida das maldades do mundo e da inveja de todos. Heléne era holandesa, mas morou muitos anos na França, antes de Paris ser ocupada pelos alemães nazistas. Integrava o elenco do famoso show internacional do Holliday On Ice, entre 1937 e 1942

Depois de uma apresentação em Cannes, no sul da França, conseguiu fugir, de barco, pelo Mediterrâneo, para Portugal, escondida, com parte do elenco e várias outras pessoas, ajudadas, em Lisboa, pelo embaixador brasileiro e depois Senador Dantas, para chegar ao Brasil. Foi uma fuga desesperada e cheia de riscos, com passaportes falsificados, envolvendo membros da Resistência francesa, que ajudavam na fuga e desconfiados colaboracionistas do regime de Hitler.


No alto da grande lareira, só acessa no inverno e mesmo assim nos dias mais frios, no enorme salão agora vazio, coberto de pó e teias de aranha, ficavam os retratos da sua juventude atestando sua grande beleza nórdica e fina educação em Colégio na Suíça. No Brasil, em Manaus, conheceu, namorou e se casou com Abel, um engenheiro civil de Rondônia, que tinha trabalhado, com americanos, na Fordlândia.

A cidadela, que explorava a borracha, já estava entrando em decadência, mas ainda rendia lucros para a família de Henry Ford, idealizador do empreendimento em plena Amazônia, no começo do século XX, quando Manaus passou a ser conhecida como “A Paris dos Trópicos”. A ferrovia Madeira – Mamoré, também já se despedia de sua época de glórias e boa parte dela ficou abandonada.

Durante as madrugadas que anunciava tempestade, a ventania também parecia sussurrar o nome de Heléne pelas laterais do imponente prédio que levou vários anos a ser construído, pelo casal, com muito empenho, dedicação e amor na pequena vila de São Bento do Sapucaí, entre l949 e 1952. O casarão tinha privilegiada vista para a Pedra do Baú, em Campos do Jordão. Pelos arredores da cidade o casal fazia longas caminhadas, sob o sol de inverno. Prática salutar continuada, anos depois, pelos quatro filhos: Henry, Abelardo, Helena e Hebe. Anos da mais intensa felicidade. Uma família brasileira verdadeira.

Os pais de Heléne conseguiram chegar aos Estados Unidos e, depois de alguns anos, ao Brasil, vivendo no casarão por vários anos e, mais tarde, no Sul, em Joinville. Não tiveram, porém, a mesma sorte, seus avós, vítimas do Nazismo, nos campos de concentração. O mesmo acontecendo com vários parentes dela que moravam na Iugoslávia.
O casarão, tão mal compreendido pelos moradores, “praquê essa imponência toda!”, diziam os invejosos, tinha histórias e mistérios. Mesmo se dedicando à filantropia, na pequena cidade, ajudando asilos e albergues. Heléne começou a se sentir muito só, surpreendida que foi, pela traição do marido que a trocou, assim sem mais nem menos, por uma ambiciosa jovem atriz carioca das chanchadas da Cinedistri, vinte anos mais nova que ela, numa de suas viagens ao Rio, a negócios. A partir de tristes acontecimentos, como este, o casarão começou a definhar, morrendo aos poucos...

Algumas pessoas que a conheceram atestam sua lealdade e ética, pois as ruas de dois grandes bairros da cidade receberam, por sugestão dela, junto à Câmara de Vereadores, nomes de países europeus e de estados brasileiros e norte americanos. Era a forma que Heléne encontrou para homenagear suas origens européias, a América e o Brasil que a acolhera e a seus pais.

Nunca de conformou com a traição do ex- marido que, anos mais tarde morreria de câncer da próstata. Sua solidão ficou mais agravada ainda com a morte de sua filha Hebe, num grave acidente de carro em São Paulo. Uma de suas netas ficou paraplégica.

Só e desamparada, com a idade já meio avançada, Heléne, balbuciando palavras em português, holandês e francês e incapaz de entender a origem daquela inveja de pessoas que ela realmente estimava ou simplesmente gostava por uma questão de civilidade, fechou para sempre aquele casarão, guardando a sete chaves, a sua memória e começou a vagar pelas ruas da cidade. “Lá vai a louca do casarão!”, comentavam, sem piedade, as pessoas.

Uma madrugada, portas e janelas do casarão abandonado, misteriosamente se abriram, com uma estranha ventania que assustou os moradores das ruas próximas. “Credo!” diziam os supersticiosos, mais alarmados, no escuro de suas casas, olhando pelas frestas.

Todas as luzes estavam acesas e, no salão principal, parecia estar acontecendo um grande baile, com uma valsa sobrenatural, jamais ouvida pelas pessoas. Muita alegria circulava no interior do prédio. Vozes e tilintar de taças. E, no alto, o que parecia ser uma grande pista de patinação no gelo, onde uma fantástica Heléne exibia airosamente todo seu talento de dançarina.

No dia seguinte e por semanas a fio foi grande o comentário no bairro. “O que teria acontecido naquela estranha noite, no velho casarão abandonado?!...”

Heléne nunca mais foi vista...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

" APELIDOS '.


No romance “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Jorge Amado,(e depois filme de Bruno Barreto), numa cena hilária de seresta onde Vadinho e um grupo de músicos tocam e cantam “Noite alta céu risonho, aqui tudo é quase um sonho...”, para pedir perdão a Dona Flor, aparece o personagem Cazuza Funil e um dos palavrões mais sonoros já ouvidos na tela grande, num filme genuinamente brasileiro

– “Meu nome é Epaminondas Cardoso de Moraes, Cazuza Funil é PQP!”

O personagem porreta, no livro de JA, tinha este apelido por viver bêbado pelas ruas de Salvador. A história se passa no ano de 1943, após a morte de Vadinho ( José Wilker), que era casado com Flor ( Sonia Braga).

Existem vários apelidos por aí que deveriam ser relembrados, por suas histórias. Exemplos: Margô Bola de Cristal,(vidente) Generosa ou Jeanne Rose, (porque não gostava de ser chamada de generosa e virar motivo de risadas entre os rapazes ),Bedé Garcia,Bacurau, Zé Cupido, Zé Calipiá,Zé da Véia, Seu Princípio, Professor Claro Que,Maria Pelé,Baiano,Zé Porva e Zé Porvinha (trabalhavam numa fábrica de fogos e numa explosão, o mais velho perdeu a mão), Mineiro,Dito Cipó, Dito Leiteiro, Zé Bebeu, (Era Zebedeu, mas como exagerava na caninha e ficava falando abobrinhas ficou conhecido assim), Zé do ET(Jura que viu e conversou com um deles, em Varginha).

E também apelidos como: João Três x oito (apelido gay),Bil, Zap, Maria Pé de Ferro, Geraldo Bandecu, Moacir Quiquifoá, Fernandona, Jair Bomba, Zé Cadela, Marilda Black Is Beautifull,( se amarra em negão) Paulo da Lambreta, Joana das Cocadas,Tica, Dita Saravá, Berruga,Deixa que eu chuto (manco),Macuco, Gaguinho,Zé Buscapé,Maria Batalhão,Maria Pelé, Rosa Boca Doce,Lola,Sorriso Vazio (banguela),Pau de Virar Tripa ( magrelo), Doca, etc.

MEU QUINTAL;MEU MUNDO


Todos deveriam ler e meditar sobre o pequeno livro MEU QUINTAL, (textos e desenhos) de Edna Cassal, Cissa Regina e Luciane Recieri, resultado de um projeto poético e exposição educacional que focaliza o Viveiro Municipal de Jacareí.

Ganhei um exemplar autografado. Estou sempre lendo e admirando o colorido, “com um olhar atento ao verde que ainda temos”, como alertam as autoras. Sintam – “Entre bambu que entrelaça e me abraça, florefesta não me sinto tão só, viver e sentir feito árvores, virar a vida do fundo do chão...” E por aí vai...

UMA VERDADE QUE DEVE SER GRITADA AOS QUATRO VENTOS: “Todos nós podemos através da arte modificar atitudes e transformar nossos caminhos, idéias e vivências”

Parabéns, meninas!

"AUDÁCIA!"


O Educa Mais Centro, em Jacareí –SP- ficou lotado na noite deste domingo, 30 de outubro, quando, o show “As Eternas Cantoras do Rádio, In Performance”, foi apresentado ao público.

Com apoio da Fundação Cultural de Jacarehy, na presidência de Sônia Ferraz, um grupo de artistas transformistas da cidade, relembrou os tempos da Rádio no Brasil, interpretando: Carmem Miranda, Nora Ney, Marlene, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira,Violeta Cavalcanti,Zezé Gonzaga, Rosita Gonzales Carmélia Alves, Izaurinha Garcia, Elizeth Cardoso e Ângela Maria que lotavam os auditórios das rádios nos anos 30, 40 e 50. Época de Ouro.

O impecável e glamuroso show trouxe ao palco os transformistas: Keylla Abdalla, Jamile Scheneider,Sarah Pfeifer, Melissa Phill, Priscila Lamer e Jenifer Brazil. Com belíssimas performances e detalhes em todo visual da época, foram muito aplaudidos e fotografados.

O show foi apresentado de maneira elegante por Silvia Daher

A intenção agora é percorrer outras cidades do Vale do Paraíba e Sul de Minas. Já há convites: de Taubaté e Guará.
A FCJ quer que eles interpretem também músicas do compositor jacareiense José Maria de Abreu num próximo show.

A MENSAGEM escrita no folheto do show por Cau Ramos, diretor artístico do evento, acentua que “Todo ser humano sonha em um dia alcançar o sucesso. Todos se iludem pensando que ele chega acidentalmente. Porém, para galgar os degraus da fama é necessário muito esforço e dedicação”.

Valeu!!! Parabéns!!! Pela grande noite e imensa nostalgia.