domingo, 21 de agosto de 2011

A passagem dos Balões.. a passagem da Vida!

Vendo esses balões parece que todos se tornam criança novamente... e param pra admirar...






“A Vida”, “O Balão” e “O Pássaro”


Já não sei se a este tempo pertenço
Porque não sinto esta vida a passar
Vejo-me aqui neste mundo suspenso
Sem um qualquer lugar onde aterrar

Estou atado por um delgado cordão
Distendido no limite da sua largura
Deixei de ser gente para ser balão
No antojo dessa mão que me segura

De pássaro livre eu vou-me disfarçar
Soltando-me por fim desse barbante
Com asas postiças e anseio de voar

Vejo-me fluir misturado com o vento
Planando livremente naquele instante
Sem corda, sem dono, sem sofrimento


John E. Contreiras



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PABLO NERUDA (1904 - 1973)





Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
(Últimos Poemas - Pablo Neruda)

Pablo Neruda, cujo nome verdadeiro é Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu em 12 de julho de 1904, na cidade do Parral, no Chile. Seu pai era um funcionário ferroviário e sua mãe, que morreu pouco tempo após o seu nascimento, foi professora. Alguns anos depois, seu pai, que tinha voltado a casar com dona Trinidad Candida Malverde, mudou-se para a cidade de Malverde.

Pablo Neruda
A infância e juventude do poeta foram passadas em Temuco, onde conheceu Gabriela Mistral, diretora da escola feminina secundária, que se tornou numa grande protetora e sua amiga. Com a idade de treze anos, começou a publicar os seus primeiros artigos para jornais e também o seu primeiro poema. Em 1920, tornou-se colaborador do jornal literário Selva Austral, sob o pseudónimo de Pablo Neruda, que adotou em memória do poeta checoslovaco, Jean Neruda.


Alguns dos poemas de Neruda, escritos naquela época, podem ser encontrados no seu primeiro livro Crepusculário (1923). No ano seguinte publicou Veinte Poemas de Amor e una Cancion Desesperada, que veio a tornar-se numa das obras mais conhecidas e traduzidas. Conjuntamente com a sua atividade literária, Neruda estudou francês e pedagogia na Universidade do Chile, em Santiago.
Neruda e sua esposa Matilde

Entre 1925 e 1937, o Governo nomeou-o para dirigir diversos consulados honorários, facto que o levou para a Birmânia, Ceilão, Java, Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid. A sua produção poética durante este período difícil, incluíu, entre outras obras, a coleção de poemas esotéricos Residencia en la tierra , que marcou o início da sua produção literária. A Guerra Civil Espanhola e o assassinato de García Lorca, que Neruda conhecia, afectaram-no fortemente e fizeram com que aderisse ao movimento republicano, primeiro em Espanha, e mais tarde em França, para onde se mudou e continuou a publicação de poemas, agora orientados para assuntos políticos e sociais.

Pablo Neruda e Salvador Allende
España en el corazón, teve um grande impacto devido ao facto deter sido imprimido no meio da frente, durante a guerra civil. Posteriormente, quando nomeado Cônsul Geral do México, reescreveu o seu Cantico General de Chile e transformou-o num poema épico sobre todo o continente sul-americano, o seu povo e a sua história. Este trabalho, intitulado Canto Geral, foi publicado no Chile e no México, e constitui a parte central da sua produção, traduzido em cerca de dez idiomas.

Regressado ao Chile, envolveu-se nos tumultos políticos internos, aderiu ao Partido Comunista do Chile e devido aos seus protestos contra a política repressiva do Presidente Vilela, viu-se obrigado a viver, escondido e no anonimato por um período de dois anos, findos os quais partiu para o estrangeiro. Depois de viver em diferentes países, em 1952 retornou a casa. A sua obra publicada nesta época, reflete toda a instabilidade, lutas e actividade política que Neruda viveu.

Casa museu de Neruda, em Isla Negra, perto da qual
se encontra a sua sepultura.

Entre os trabalhos que marcam os seus últimos anos podem ser citados Cien sonetos de amor(1959), que inclui poemas dedicados a sua esposa Matilde Urrutia, Memorial de Isla Negra, de carácter biográfico, em cinco volumes, Arte de pajaros, La barcarola e vários outros, por ocasião do seu 60.º aniversário.
De acordo com Isabel Allende, Pablo Neruda morreu de tristeza em setembro de 1973, ao ver dissolvido o governo de Salvador Allende.


Logotipo do filme "Il Postino",
ou o "Carteiro de Pablo Neruda".


Na realidade, a sua morte foi originada por um câncro na próstata. Em vida, foi agraciado com o Prémio Lenin da Paz e em 1971 foi-lhe atribuído o Nobel da Paz.

Já em 1965 lhe havia sido autorgado o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha.
Da sua vasta obra, escolhi estes dois poemas, qual o mais belo...:


Posso escrever os versos mais tristes esta noite...

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a por vezes e ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

(Poema XX de "Vinte poemas e uma c anção desesperada")


REFLEXÂO:

"ALGUMAS PESSOAS OLHAM O MUNDO E PERGUNTAM:PORQUÊ?.
EU PENSO EM COISAS QUE NUNCA EXISTIRAM E PERGUNTO: POR QUE NÃO?

George Bernard Shaw.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

FAÇAM SILÊNCIO QUE HOJE EU NÃO ESTOU NEM UM POUCO CATÓLICA!



Como Tércio e Murilo não poderiam lembrar de Dona Rosalphina logo após a genial interpretação da atriz Marília Pera, no papel de uma professora muito louca, na peça “Apareceu a Margarida”, de Roberto Athaíde, naquela memorável noite,meados de 1980, no Teatro Ipanema, lotado. Os dois irmãos gêmeos, com 22 anos, naquela época, estavam de férias no Rio e foram assistir a peça com mais alguns amigos do interior de SP.Todos riram muito. Com eles estava dona Eunice que era a diretora de Cultura da administração municipal do pai deles, então prefeito da cidade. Com a missão de “corromper”, um pouco os dois. No bom e no mal sentido é claro.
O Rio, para todos os jovens intelectuais é sempre uma caixinha de surpresas até hoje inesgotável. O grupo de amigos vasculhando a cidade, tiveram tempo ainda de assistir outra peça de enorme sucesso na época – “Gaiola das Loucas”, no Teatro Rival,em pleno reduto boêmio, na Cinelândia, com o impagável Jorge Dória, no hilariante papel de uma bicha louca, Canarinho e outros atores. Tedo e Piti, como eram chamados na intimidade, tomaram não só banhos de mar, mas também, um banho de cultura. E de “otras cositas mas”. Hoje são pessoas sensíveis, finamente educados e profissionais em SP, maduros, realizados, amantes da arte e do que a vida tem de melhor.
Ah! Dona Rosalphina, no auge de seus 47 anos era a professora de Matemática deles. Conhecia a matéria de trás prá frente, catedrática mesmo, dessas profissionais que quase não existe mais. E ainda falava fluentemente inglês, francês e espanhol.

Quando esbravejava com a classe, uma 8ª. Série infernal, misturava ,de propósito, os idiomas e sacudia suas milhares de pulseiras, fazendo a alegria da meninada. VOCÊS SÃO UNS ESTAFERMOS! dizia, no mínimo. Que quer dizer isso, professora? Ensinava com dedicação e amor. Solteirona, só se lembrava de um namorado italiano. O resto foi resto, dizia para os curiosos. HOJE ESTOU AZEDA,NÃO BRINQUEM COMIGO,HEIN! A classe mista, as meninas tremiam nas canelas e não ousavam enfrentá-la, mas os meninos, na fase de adolescentes, a adoravam. Não só pelo saber, mas pelas sacanagens e trocadilhos que dizia para animar as aulas. Misturava gíria com os conceitos matemáticos. Subia pelas paredes para explicar muito bem alguma coisa da matéria. Desse jeito, matemática era fácil de aprender.E divertido. Rosalphina dominava, com sua extravagante pedagogia.
Tércio e Murilo, é claro, jamais se esqueceriam também dos atributos físicos da professora. Era bonita e também ficou conhecida pelos seus enormes peitos. O decote ficava no limite, até onde a decência permitia para não chamar a atenção e os colegas não botarem reparo. É claro que alguns falavam da ousadia, que nem podia ser tanto assim. Mas quando ela avançava classe a dentro ,através das carteiras, exibindo aquela fartura empinada, fazia a delícia na curiosidade dos meninos. E quando se voltava rapidamente para o quadro negro, explicando as funções, as equações, as raízes cúbicas e quadradas parecia que ia jogar, voluptosamente, aquelas melancias na cabeça dos alunos. Alguns até brincavam”ÊPA,SAI DEBAIXO,LÁ VEM A MONTANHA RUSSA!” mas ela só ria meio disfarçada da pretensa ingênuidade da sacanagem deles. Não precisava dizer que ela tinha preferência pelos meninos, sabe-se lá qual a razão, mas ficava mais a vontade entre eles. Talvez por nunca ter se casado e nem tido filhos.


Quando estava meio enlouquecida da vida, Rosalphina ainda colocava na testa, duas vírgulas,com os cabelos, que parecia um chamariz . Era um realce feminino para alguém que tinha plena noção de que a idade, inexoravelmente, estava chegando. Mas ela parecia não ter medo de nada. Entendia da vida quase tudo. Por isso era discreta em suas opiniões. Defendia é claro, com lucidez, seus pontos de vista, sobre educação, família, sociedade. Enfim. Não era nem um pouco hipócrita. Muito menos CATÓLICA, apostólica, romana.
Tanto assim que quando viu a pequena Beatriz, entrar em prantos na escola e se esconder embaixo da bancada do laboratório, foi logo abrindo caminho no alvoroço, acolhendo a menina,com carinho, numa sala contígua, até acalmá-la e obter dela, envergonhada, uma confissão : queria usar calcinha, mas o pai, viúvo e ignorantão, obrigava as filhas a só usarem cuecas, como os filhos, por questão de economia até. O homem tinha 8 filhos, tudo escadinha e a menina, começando a ficar mocinha, não podia se submeter a autoridade paterna nesta questão. “Tenho vergonha do que minhas amigas vão dizer”, balbuciou. “Pode ficar calma, já vou resolver isso”. Rosalphina liderou uma campanha em surdina e logo Beatriz tinha um monte de calcinhas para usar
MAS É HOJE QUE EU PEGO ESTE CABRA DE JEITO OU NÃO ME CHAMO ROSALPHINA! Foi até a casa do pai de menina e disse poucas e boas para aquele ignorante nordestino que já tinha se esquecido de que meninos e meninas passam pela fase da puberdade. E que existe uma diferença fundamental entre usar cuecas e calcinhas. O pai ouviu tudo calado, de cabeça baixa. AÍ DELE SE RETRUCAR!, pensou a professora. Uma lição para o resto da vida. Assim era Rosalphina. Tinha uma filosofia de vida. Sabia da importância de ensinar e de amar as pessoas. A professora foi até aplaudida pela sua coragem e iniciativa.
GENTE, JÁ PENSOU SE ELE TIVESSE UMA PEIXEIRA NA CINTURA, EU ESTARIA MORTA, COM CERTEZA!
Só uma vez, durante um churrasco de final de ano letivo, Rosalphina ( e a bem da verdade, também algumas outras professoras que viviam reprimidas sexualmente), bebeu um pouco mais e teve um pilequinho. Antes de ser levada para casa, ria, ria, mas que ria e gritava – ESTA FESTA PARECE ROMA ANTIGA! ME DEIXEM FICAR MAIS UM POUCO! POR FAVOR!
Deitada na cama, meio adormecida, no quarto em penumbra, agora, com certeza, via no passado,a figura daquele jovem italiano irriquieto, (que uma vez pôs fogo em sua alma), a invadir e aquecer seu coração e mente de mulher apaixonada,vagando numa agradável bruma etílica.POR ONDE ANDARÁ AQUELE NAPOLITANO SEDUTOR?



REFLEXÃO

O HOMEM É O QUE PENSA. SE VOCÊ INSISTIR EM PENSAR NO MAL, NA DOR,NA DOENÇA,VOCÊ OS ATRAIRÁ PARA SI.PENSE NA SAÚDE,NA ALEGRIA,NA PROSPERIDADE E SUA VIDA TOMARÁ NOVO RUMO. AFIRME SEMPRE QUE É FELIZ,QUE AS DORES PASSAM,QUE A SAÚDE SE CONSOLIDA CADA VEZ MAIS E A FELICIDADE BATERÁ À SUA PORTA. SEJA OTIMISTA E PERMANEÇA O MAIS POSSÍVEL LIGADO AO PAI CELESTIAL.