sexta-feira, 5 de agosto de 2011

FAÇAM SILÊNCIO QUE HOJE EU NÃO ESTOU NEM UM POUCO CATÓLICA!



Como Tércio e Murilo não poderiam lembrar de Dona Rosalphina logo após a genial interpretação da atriz Marília Pera, no papel de uma professora muito louca, na peça “Apareceu a Margarida”, de Roberto Athaíde, naquela memorável noite,meados de 1980, no Teatro Ipanema, lotado. Os dois irmãos gêmeos, com 22 anos, naquela época, estavam de férias no Rio e foram assistir a peça com mais alguns amigos do interior de SP.Todos riram muito. Com eles estava dona Eunice que era a diretora de Cultura da administração municipal do pai deles, então prefeito da cidade. Com a missão de “corromper”, um pouco os dois. No bom e no mal sentido é claro.
O Rio, para todos os jovens intelectuais é sempre uma caixinha de surpresas até hoje inesgotável. O grupo de amigos vasculhando a cidade, tiveram tempo ainda de assistir outra peça de enorme sucesso na época – “Gaiola das Loucas”, no Teatro Rival,em pleno reduto boêmio, na Cinelândia, com o impagável Jorge Dória, no hilariante papel de uma bicha louca, Canarinho e outros atores. Tedo e Piti, como eram chamados na intimidade, tomaram não só banhos de mar, mas também, um banho de cultura. E de “otras cositas mas”. Hoje são pessoas sensíveis, finamente educados e profissionais em SP, maduros, realizados, amantes da arte e do que a vida tem de melhor.
Ah! Dona Rosalphina, no auge de seus 47 anos era a professora de Matemática deles. Conhecia a matéria de trás prá frente, catedrática mesmo, dessas profissionais que quase não existe mais. E ainda falava fluentemente inglês, francês e espanhol.

Quando esbravejava com a classe, uma 8ª. Série infernal, misturava ,de propósito, os idiomas e sacudia suas milhares de pulseiras, fazendo a alegria da meninada. VOCÊS SÃO UNS ESTAFERMOS! dizia, no mínimo. Que quer dizer isso, professora? Ensinava com dedicação e amor. Solteirona, só se lembrava de um namorado italiano. O resto foi resto, dizia para os curiosos. HOJE ESTOU AZEDA,NÃO BRINQUEM COMIGO,HEIN! A classe mista, as meninas tremiam nas canelas e não ousavam enfrentá-la, mas os meninos, na fase de adolescentes, a adoravam. Não só pelo saber, mas pelas sacanagens e trocadilhos que dizia para animar as aulas. Misturava gíria com os conceitos matemáticos. Subia pelas paredes para explicar muito bem alguma coisa da matéria. Desse jeito, matemática era fácil de aprender.E divertido. Rosalphina dominava, com sua extravagante pedagogia.
Tércio e Murilo, é claro, jamais se esqueceriam também dos atributos físicos da professora. Era bonita e também ficou conhecida pelos seus enormes peitos. O decote ficava no limite, até onde a decência permitia para não chamar a atenção e os colegas não botarem reparo. É claro que alguns falavam da ousadia, que nem podia ser tanto assim. Mas quando ela avançava classe a dentro ,através das carteiras, exibindo aquela fartura empinada, fazia a delícia na curiosidade dos meninos. E quando se voltava rapidamente para o quadro negro, explicando as funções, as equações, as raízes cúbicas e quadradas parecia que ia jogar, voluptosamente, aquelas melancias na cabeça dos alunos. Alguns até brincavam”ÊPA,SAI DEBAIXO,LÁ VEM A MONTANHA RUSSA!” mas ela só ria meio disfarçada da pretensa ingênuidade da sacanagem deles. Não precisava dizer que ela tinha preferência pelos meninos, sabe-se lá qual a razão, mas ficava mais a vontade entre eles. Talvez por nunca ter se casado e nem tido filhos.


Quando estava meio enlouquecida da vida, Rosalphina ainda colocava na testa, duas vírgulas,com os cabelos, que parecia um chamariz . Era um realce feminino para alguém que tinha plena noção de que a idade, inexoravelmente, estava chegando. Mas ela parecia não ter medo de nada. Entendia da vida quase tudo. Por isso era discreta em suas opiniões. Defendia é claro, com lucidez, seus pontos de vista, sobre educação, família, sociedade. Enfim. Não era nem um pouco hipócrita. Muito menos CATÓLICA, apostólica, romana.
Tanto assim que quando viu a pequena Beatriz, entrar em prantos na escola e se esconder embaixo da bancada do laboratório, foi logo abrindo caminho no alvoroço, acolhendo a menina,com carinho, numa sala contígua, até acalmá-la e obter dela, envergonhada, uma confissão : queria usar calcinha, mas o pai, viúvo e ignorantão, obrigava as filhas a só usarem cuecas, como os filhos, por questão de economia até. O homem tinha 8 filhos, tudo escadinha e a menina, começando a ficar mocinha, não podia se submeter a autoridade paterna nesta questão. “Tenho vergonha do que minhas amigas vão dizer”, balbuciou. “Pode ficar calma, já vou resolver isso”. Rosalphina liderou uma campanha em surdina e logo Beatriz tinha um monte de calcinhas para usar
MAS É HOJE QUE EU PEGO ESTE CABRA DE JEITO OU NÃO ME CHAMO ROSALPHINA! Foi até a casa do pai de menina e disse poucas e boas para aquele ignorante nordestino que já tinha se esquecido de que meninos e meninas passam pela fase da puberdade. E que existe uma diferença fundamental entre usar cuecas e calcinhas. O pai ouviu tudo calado, de cabeça baixa. AÍ DELE SE RETRUCAR!, pensou a professora. Uma lição para o resto da vida. Assim era Rosalphina. Tinha uma filosofia de vida. Sabia da importância de ensinar e de amar as pessoas. A professora foi até aplaudida pela sua coragem e iniciativa.
GENTE, JÁ PENSOU SE ELE TIVESSE UMA PEIXEIRA NA CINTURA, EU ESTARIA MORTA, COM CERTEZA!
Só uma vez, durante um churrasco de final de ano letivo, Rosalphina ( e a bem da verdade, também algumas outras professoras que viviam reprimidas sexualmente), bebeu um pouco mais e teve um pilequinho. Antes de ser levada para casa, ria, ria, mas que ria e gritava – ESTA FESTA PARECE ROMA ANTIGA! ME DEIXEM FICAR MAIS UM POUCO! POR FAVOR!
Deitada na cama, meio adormecida, no quarto em penumbra, agora, com certeza, via no passado,a figura daquele jovem italiano irriquieto, (que uma vez pôs fogo em sua alma), a invadir e aquecer seu coração e mente de mulher apaixonada,vagando numa agradável bruma etílica.POR ONDE ANDARÁ AQUELE NAPOLITANO SEDUTOR?



REFLEXÃO

O HOMEM É O QUE PENSA. SE VOCÊ INSISTIR EM PENSAR NO MAL, NA DOR,NA DOENÇA,VOCÊ OS ATRAIRÁ PARA SI.PENSE NA SAÚDE,NA ALEGRIA,NA PROSPERIDADE E SUA VIDA TOMARÁ NOVO RUMO. AFIRME SEMPRE QUE É FELIZ,QUE AS DORES PASSAM,QUE A SAÚDE SE CONSOLIDA CADA VEZ MAIS E A FELICIDADE BATERÁ À SUA PORTA. SEJA OTIMISTA E PERMANEÇA O MAIS POSSÍVEL LIGADO AO PAI CELESTIAL.

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