sábado, 10 de dezembro de 2011

PORTA RETRATOS - De uma família -


Viveram a plenitude do final do século XIX e o XX chegando ao XXI, ano 2011. Assistiram a abertura da Avenida Paulista em 1891 e toda a sua grande transformação como centro financeiro da capital paulista, 120 anos depois. No último dia 8 de dezembro – Dia da Família – o enorme clã dos Castro Medeiros de Oliveira Ribeiro estava reunido num hotel comemorando a data, num almoço festivo. Muitos de seus integrantes, é claro, já tinham morrido e estavam enterrados no Cemitério da Consolação. Os vivos estavam ali, os anciãos e a última geração, bem jovens e cheios de vitalidade, descendentes de Germano e Filomena, depois de se integrarem e formarem suas novas famílias.

A coleção de porta retratos ocupa ainda um lugar especial no apartamento de andar inteiro localizado da Rua Frei Caneca. Um prédio datado dos anos 50, portanto bastante sólido e cheio de histórias. Era o lugar especial da tri neta Mariana, estudante de História na PUC – Pontifícia Universidade Católica. Ela era o resumo de toda uma grande família de classe média paulistana. Várias gerações viveram a 1ª. Grande Guerra Mundial ( 1914 a 1918), a Revolução Constitucionalista de 1932, a 2ª. Grande Guerra Mundial (1939 a 1945), a construção e inauguração de Brasília (1955 a 1960) e vários acontecimentos político - sociais econômicos e culturais do Brasil e do mundo. No mundo das artes viram a chegada do cinema, do cinema falado, colorido, a Era do Rádio e da TV, etc e vários avanços da ciência e da medicina.

Sérios, graves ou muito alegres as fotos dizem por si. Até nos momentos de grande dor pelas perdas e danos que acontecem a todas as famílias, as fotos revelam o caráter sólido e a firmeza moral de seus integrantes. Todos muito unidos e lutando por conquistas, a família compartilha, sem muitas desavenças, todos os bons e maus momentos da vida. Mariana, embora solteira ainda aos 29 anos, tem sonhos de formar família com um colega da faculdade, onde faz mestrado em história das famílias brasileiras. Irrequieta, dona de uma rara inteligência e sensibilidade, briga pelos seus ideais e adora os sobrinhos. Com olhos claros e cabelos castanhos quase loiros, Mariana é o resultado da mistura genética intensa da família: brasileiros descendentes de italianos, sírio libaneses, alemães, japoneses, judeus, ibéricos, poloneses,ingleses e franceses. Que professam religiões católica, protestante, espírita, budista e outras seitas.

São tolerantes e amistosos, discordando pouco em algumas questões. Não são, de maneira alguma, fanáticos ou supersticiosos. De fina educação, respeitam o próximo sobremaneira. Crêem firmemente em DEUS. Compartilham, em misericórdia e compaixão, com todos os seres humanos. Mariana adora cães e gatos. Talvez, por isso, não tenha decidido se casar ainda. Vários pretendentes já fizeram corte amorosa. Mas, delicadamente se esquiva de compromissos mais sérios.

Uma família que viu São Paulo crescer e se tornar uma metrópole. Fotos emolduradas por lembranças inesquecíveis de passeios ao Rio de Janeiro, Caxambu, Poços de Caldas, Santos e Guarujá, Salvador, Aparecida, a Cidade Santuário, a Recife, Porto Alegre; Buenos Aires, Paris, Roma, Londres, Madri, Lisboa, Nova Iorque ou simplesmente fotos caseiras de almoços, churrascos em família, em jogos de futebol, em praias ou piscinas, no campo ou na cidade, como aquela em que aparecem vários de seus tios e tias namorando nos anos 30, no Parque Trianon, onde hoje se situa o MASP na Avenida Paulista.

Mariana tem paixão verdadeira por todos aqueles porta- retratos e álbuns que ficam guardados num armário numa saleta. São fotos que contam uma história, a história de sua família extensa. Para ela, admirar aquelas fotos são momentos de indescritível prazer e beleza, de sonho e de amor revelados ao longo do tempo.
Talvez uma forma diferente de meditar e refletir sobre a importância da família, nos violentos dias que passamos, em meio à indiferença entre as pessoas,cada vez mais crescente.

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