sábado, 14 de agosto de 2010

A moça do Zeppelin



O graff Zeppelin, antes de seguir para Rio e São Paulo em Outubro de 1929, fez uma parada forçada em Recife. Pousou num campo onde hoje é o Aeroporto Internacional de Guararapes. Vinha da Alemanha onde o Nazismo dava início a sua mais cruel escalada de violência e em sua primeira viagem a América do Sul cujo destino final seria Buenos Aires, Argentina.

Passagem rápida para descer Gilberto, o filho do mais poderoso dono de um engenho de açúcar de Pernambuco e recém formado em Engenharia Hidráulica em Berlim. Escala não prevista mas conseguida a custo de manobras com oficiais alemães. Aos 23 anos guardava ainda traços de sua adolescência e era muito brincalhão.

Quando criança vivia entre os canaviais do pai a perder distância. Depois a capital onde se formou no ginásio e no colégio. Pele morena, cabelos pretos e lisos e grandes olhos verdes que herdou da mãe, revelando a origem holandesa do passado da família. Falava misturando português e alemão só de gozação. Mas despediu-se em francês da jovem Lisa de 16 anos e filha de um pequeno empresário alemão que ja percebera que o Brasil era a terra do futuro e aqui expandiria seus empreendimentos comerciais. Durante a viagem sobre o Atlântico ousou alguns beijinhos onde ela sentiu pela primeira vez o gosto de açúcar mascavo e rapadura.



Lisa nunca tinha visto um homem moreno como aquele. Gilberto, de terno branco e chapéu impecáveis se assemelhava mais ou menos ao ator Rodolfo Valentino que naquele ano abalava as telas em filmes vindos de Hollywood. O que Lisa ainda não sabia era que o destino o colocaria mais uma vez em seu caminho. Desta vez em São Paulo em 1930 no auditório da Faculdade de Direito São Francisco onde Gilberto aceitara o convite para professores e alunos sobre sua experiência universitária na Europa.

Agora aos 17 anos Lisa sentiu seu coração bater acelerado ao ver aquele grandalhão pernambucano forte e bonito que já estivera até em Nova Iorque e outras cidades americanas em seu aprendizado de mundo. Ali estava diante dele reelembrando a viagem no Zeppelin. Dois anos depois (quem diria!) Lisa já estaria casada com ele, vivendo um amor engajado na Revolução Constitucionalista de 1932. Foi mesmo um amor à primeira vista.

Uma bala getulista, quase matou Gilberto, perto de Cruzeiro, no Vale do Paraíba. Socorrido sobreviveu com seus ideais. Apesar de família tradicional, secretamente se tornou comunista ao conhecer Luis Carlos Prestes, "O Cavaleiro da Esperança" num evento politico no Rio de Janeiro.

O trem das tropas paulistas em direção ao front parou rapidamente numa estação cujo nome chamou atenção do jovem soldado - Jacarehy -, onde várias senhoras voluntárias ofereceram aos soldados xícaras de café bem forte, um biscoito e bolinhos feito de carne misturado com farinha de milho branca, já tradicional na região. "Hummm, que gosto bom!" Todos estavam com muita fome. Para arrematar tomou um copo de garapa que adoçou a sua boca e o fez lembrar com saudades, a sua terra longe, longe. O nome da estação ele jamais esqueceu. Depois da guerra civil paulista viveu aqui por vários anos com Lisa sua eterna "namorada" até ser convocado em 1942 para lutar na FEB - Força Expedicionaria Brasileira, na Itália, combatendo o mesmo nazismo que ele vira em seu início na Alemanha.

Ja tinha um casal de filhos, Ingrid e Bernardo. Foram anos de puro encantamento tendo recebido alguns anos depois o titulo de Cidadão Jacareíense. Morreu em 1998. Sua mulher o seguiu três anos depois. Mas os filhos, netos e bisnetos estão por aí, felizes da vida, bem brasileiros e com uma história de amor linda para contar, como a de seus pais. Um grande amor vivido sem barreiras e sem fronteiras como o próprio Brasil.



Gentileza gera gentileza

Ensinar com amor é melhor lição que se pode dar.

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Cecília Meireles

Erro de Português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Oswald de Andrade

Canto do povo de um lugar
Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia
Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde
Quando a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite

Caetano Veloso

"A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é e não instruí-las na arte de viver(...) Não se pode educar sem ao mesmo tempo ensinar; uma educação sem aprendizagem é vazia e portanto degenera, com muita facilidade em retórica moral e emocional."

Hannah Arendt

Alongue, relaxe e viva.

A Horta

Agora plantei chicória e beterraba. A cenoura, a couve e a alface crespa já doei aos vizinhos, a compostagem rendeu 200Kg. Uma parte distribuí para os moradores e a outra parte recomecei 2 novos canteiros. Recomecei também uma nova compostagem (adubo orgânico) com ajuda do Marcos, meu vizinho. Os moradores da rua estão me dando restos de frutas, verduras e legumes; cascas de ovos e pó de café usado. Dessa maneira, daqui uns tempos, poderei doar mais terra vegetal para quem quiser e assim estimular que eles próprios façam adubo em casa. É uma forma de colaborar com a natureza e a comunidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário