sábado, 7 de agosto de 2010

Ó Pai, Ó - Uma carta com muito axé

Edvaldo, você será o primeiro a receber carta minha dessa terra do nosso senhor do Bonfim, faz 24 horas que estou em Salvador e ainda não consegui fechar a boca de tanta felicidade. Quando o avião pousou no aeroporto e pisei em solo baiano, a emoção tomou conta de mim, Naquele momento parecia-me que todos os Orixás me saudavam, era um voltar as origens, senti o sol sobre a pele e uma infinita paz dentro de mim e as lágrimas correram pelo meu rosto. Apartir daquele momento até neste instante que volto da visita as igrejas de São Francisco, São Bartolomeu, museu da cidade e lago do Pelourinho. No lago do Pelourinho você respira gente, nesse lugar havia um coral cantando músicas de saudação a Bahia. Existe no ar musica, parece que todos se parecem com Caetano, Betania e Vinicius de Moraes, ouvi uma apresentação de cantores populares (cordel) e uma apresentação de capoeira, a cada rua, em cada esquina é uma surpresa, um encantamento mas também muito de história. No rosto deste povo percebe-se uma grande simplicidade misturada com folclore, com música, parece que cada um tem dentro de si algo de artístico.
Hoje vou almoçar com um amigo. Ele virá me buscar aqui no hotel, meu quarto é de frente para o mar, lindo de morrer, o hotel é muito confortável e tem acesso de condução para todos os lugares.



Hoje é 1º de Novembro de 1977, não tive tempo de terminar a carta. Fui a igreja de Nosso Senhor do Bonfim, é linda, almocei no Mercado Modelo, comi num restaurante de uma baiana conhecida em toda Bahia, existem frases escritas por Jorge Amado, Vinicius, Dorival Caymi, etc. Até o presidente já comeu aqui, comi vatapá, caruru efó e muqueca de peixe. Como sobremesa comi doce de caju e cocada; batida de gengibre, estou estourando. Comprei sua bolsa e uns badulaques para o pessoal de casa. Lá tem coisas lindas mas caras, e como desta vez eu vim só para conhecer, da próxima as novidades serão melhores. Estou fotografando tudo, ando pela cidade como uma baiana, já conheço até os ónibus. Passei ontem pela famosa zona de meretrício do Pelourinho. É um barato, muito popular mesmo, cheio de turistas. Estive em Itapuâ, comi caranguejo, xinxin e outras comidas. Bebi cada coisa mais estranha que nem sei. Saudades de todos. Abraços e lembranças e faça força para voltar a São Paulo pois não dá vontade. Tchau

Edna - 1977

Você se lembra?

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