domingo, 2 de maio de 2010

Recordações




"SOU CAIPIRA PIRAPORA, NOSSA SENHORA APARECIDA...." Quando cheguei ao bairro Jardim Panorama, no dia 16 de dezembro de 1987, fui saudado por uma Folia do Divino (Folia de Reis). Não tinha muita noção do que era. O colorido e a cantoria, contudo, foram me atraindo aos poucos e soando como algo ancestral, mas alegre, festivo, diferente. Raízes, folclore e chegança foram palavras que me ocorreram, no turbilhão daquele momento que eu vivia.
Hoje sei que era uma humilde recepção a um novo morador, costume local. Bandeira do Divino. Da dona Maria, do "seu" Mané, da Carminha, do "seu Dito" e de vários outros moradores que fui conhecendo aos poucos e começando a fazer parte daquela nova fase da minha vida. Tudo era novo, novo, novo, embora eu já tivesse uma bagagem de vida, vivida, dividida. Tudo me emocionava. Me liguei, fácil, fácil, no largo visual descortinado da minha pequena VARANDA.
Lá estavam a minha cidade e seu centro, o rio Paraíba, o Vale, a Serra da Mantiqueira, às vezes azul, às vezes dourada pelo sol do poente, parte da cidade de São José dos Campos... bem longe, mas incrivelmente visível, a Pedra do Baú, em Campos do Jordão, com seu formato característico, o Pico do Itapeva. Tudo, até hoje, passado mais de vinte anos, são fontes de inspiração.
Agradeço a Deus, por tudo isso. Principalmente, por que a partir daquele momento mágico, mas cotidiano, fui me tornando um pouco "caipira, capiau, piraquara”, sendo mais humano e entendendo melhor tudo a minha volta. Continuo colhendo, com mais sabedoria (creio) lembranças que vou revelando, com muito amor e assim vivendo e revivendo. Juntando pedras, cacos, seixos, construindo pirâmides de taipa de pilão, com a força do Tempo.
Permanecem, desde o início, nas paredes e janelas da casa, o branco e o azul, como o manto de Nossa Senhora, padroeira deste meu país e muito venerada nessa região. É o meu recanto (e dos meus amigos). Ao mesmo tempo "na roça" e na cidade. Minha referência, minha identidade, minhas emoções e meu caminhar...




"VOU TE DIZER QUEM SOMOS NÓS, GOSTAMOS DE IR ALÉM...NÃO SER IGUAL A NINGUÉM!
MUITA ADRENALINA PRÀ VIVER E UM JEITO ÚNICO DE SER. "

Fragmento de “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto

“É difícil defender,só com palavras,a vida,ainda mais quando ela é esta que vê, severina; mas se responder não pude `a pergunta que fazia, ela a vida, a respondeu com sua presença viva. E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê- la desfiar seu fio, que tbém se chama vida: ver a fábrica que ela mesma teimosamente,se fabrica, vê- la brotar como há pouco em nova vida explodida;mesmo quando é assim pequena a explosão,como a ocorrida;mesmo quando é uma explosão como a de há pouco,franzina;mesmo quando é a explosão de uma vida severina.”


Ficou na lembrança.

E foi assim...Um grupo de estudantes do Colégio Silva Prado em 1966 decidiu montar a peça de João Cabral no TEJA Teatro Estudantil Jacareiense Amador. Depois de muita pesquisa sobre o autor e a obra, que naquela época venceu o Festival de Teatro na em Nancy, na França. Era o TUCA – Teatro da Universidade Católica ,de SP , representando o Brasil. Fizemos várias apresentações na cidade e na região,sempre motivados por vários professores.FOI UM SUCESSO. Depois vieram outras peças nacionais de sucesso. Rolou o tempo e ficou a marca empreendedora de jovens que queriam melhorar o mundo. Era um grupo, sem dúvida, de jovens intelectuais principiantes. Virou história. Uma longa e saudosa história...


Cajus amigos...

Meia duzia de cajus amigos...Pela primeira vez... Acridoces. O pé foi plantado cerca de 10 anos. Dia 12 de março.Fiquei muito contente. No quintal cajus amigos. Depois de morangos, maracujás, azedos e doces, mangas, goiabas, pitangas, laranjas e limões, mamões, romãs, jabuticabas e bananas,muitas bananas. Agradeço a Deus e a terra, o sol e a chuva...

DESIDERATA

Caminha calmo entre o ruído e a pressa e pensa na paz que podes encontrar no silêncio...Esforça – te para ser feliz...Este fragmento de texto é de 1692. Igreja Saint Paul - Baltimore.

Sensibilidade

No sábado passado fui ver o filme Chico Xavier... A elevada espiritualidade e a biografia de um homem que sempre fez o bem nesta tão carente Terra. Sensível. Deu para refletir mais sobre nosso desterro e a nossa missão por aqui...



Sol da meia noite, foto tirada da varanda de casa, by Anderson Placido...


É fato

“O que o filósofo e historiador grego Xenofonte escreveu 2.400 anos atrás poderia ter sido escrito hoje ‘ Um bom amigo é o mais precioso de todos os bens. Está sempre pronto a auxiliar...Há homens, contudo,que investem toda a sua energia no cultivo de árvores, para colher frutos, e são negligentes com o amigo, o bem mais frutifica’ O amigo vê e ouve o que não somos capazes de ver nem ouvir. Assim sendo pode fazer por nós o que não temos como fazer por nós mesmos. Como o analista ele ilumina o caminho...” ( Betty Milan – revista VEJA – 23.12.2009)

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, amigo!!!
    Sucesso!

    Edna Medici

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  2. Edvaldo, querido! Que bom que vc saiu da toca! Você tem tanto talento...tantas histórias pra contar e tantas outras guardadas na gaveta! Aguardo emocionada novas postagens! Beijão! Lud

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